Resolver lacunas na pastoral missionária

Começou em Fátima, a edição 2010 do Curso de Missiologia, uma iniciativa dos Institutos Missionários Ad Gentes (IMAG) e das Obras Missionárias Pontifícias (OMP), e que tem como objectivo dar a conhecer, a todos os baptizados, quais são os fundamentos da missão, em Igreja.

Trata-se de um curso bienal, que tem sempre lugar na última semana de Agosto, nas instalações dos Missionários da Consolata, em Fátima.

A organização tem procurado, ao longo dos anos, preparar o curso para que ele preencha uma lacuna da Igreja, ao nível da pastoral missionária.

Segundo o padre Albino Brás, responsável pelo curso, “a Igreja, em Portugal, coloca a dimensão missionária quase como se fosse um parente pobre e da exclusiva responsabilidade dos institutos missionários”.

Algo que, para aquele sacerdote, “não tem sentido, porque a dimensão missionária tem a mesma dignidade e deveria ter a mesma densidade, no dinamismo pastoral da Igreja, como têm as dimensões catequética, bíblica ou litúrgica, sócio-caritativa ou a pastoral juvenil”.

“Quando a Igreja deixa de ser missionária passa a ser um corpo amorfo que não dinamiza, não parte em missão, não evangeliza”, reforça o mesmo responsável.

O padre Albino Brás demonstra essa lacuna olhando para os 41 inscritos no curso, onde “apenas se encontra um sacerdote diocesano”.

Por outro lado, é com agrado que vê “um bom número de leigos inscritos”, ligados a várias congregações missionárias e a outros grupos e movimentos paroquiais.

“Graças a Deus, eu creio que o dinamismo da Igreja, ultimamente, está exactamente aí, na força e no protagonismo dos leigos”, refere o sacerdote.

O IMAG olha com esperança para as conclusões saídas da última assembleia dos bispos de Portugal, em Junho, onde foi aprovada a Carta Pastoral sobre o Rosto Missionário da Igreja.

“Vai ser discernido na assembleia anual do IMAG, agora em Novembro, e vamos procurar esmiuçar o documento para transformá-lo em directrizes da acção pastoral, tentando mudar um bocado esta realidade da Igreja portuguesa”, revela o padre Albino Brás.

O Curso de Missiologia termina no próximo dia 28 e vai incidir sobre os fundamentos bíblicos e históricos da missão, apoiando-se na leitura das cartas de São Paulo, dos evangelhos, nas grandes figuras missionárias e nas encíclicas papais, que foram abordando a temática ao longo dos tempos.

Outra grande parte do curso será dedicada aos desafios da evangelização e do encontro de culturas. A figura da mulher, enquanto sujeito e destinatário de missão e a natureza do seu papel na Igreja, vai ser outro assunto em destaque.

O padre Albino Brás explica esta grande diversidade de assuntos com o facto de “a missão, hoje em dia, já não ser exclusivamente um lugar geográfico”, como acontecia no início. “É o próprio espaço do coração, daquele que vai ao encontro e que acolhe o outro nas suas diferenças”, explica o sacerdote.

Por isso, pretende-se que os participantes do curso fiquem não apenas com noções de teologia, mas também com ideias claras ao nível da antropologia, da cultura, dos direitos humanos, para que possam compreender melhor os povos que visitem em missão.

Texto publicado em: Agência Ecclesia